Quando olhava para ti sentia as faíscas. Sentia aquele aperto no coração que provava que de facto tu estavas lá. O meu pequeno alarme particular. E eu bem que o sentia acelerar sempre que te chegavas mais perto, cada vez que olhavas para mim. Mas eu sabia - é claro que eu sabia - o que ia acontecer. Tu ias cumprimentar-me com o olhar e era isso. Só e apenas isso. Não ia acontecer mais nada. Nada mais que um sorriso.
Eu realmente via faíscas quando lá estavas, mas e depois? Depois, quando ias embora elas apagavam-se e eu ficava no escuro, imaginando como seria se fosse diferente. Se eu visse faíscas a toda a hora. Mas e depois? Continuava a haver o "depois". Haveria sempre o "depois". E o "depois" era importante demais para que eu deixasse o "depois" acontecer. E seria no mínimo estúpido desperdiçar o "antes" para ter um "depois" que não proliferaria. Só queria ver mais faíscas...
- Margarida Louro
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